quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A visita do tio Óscar: Melhor actriz secundária



Duas candidatas saltam logo à cabeça: Penelope Cruz em "Vicky Christina Barcelona" e Kate Winslet, em "The reader". A primeira, porque, para além da selvagem interpretação que parece ter no filme, está a ser dirigida por Woody Allen, que já criou uma tradição de conseguir nomeações e vitórias para intérpretes seus nas categorias secundárias de Oscar; a segunda, porque é Kate Winslet, universalmente amada, longamente injustiçada e usando a aldrabice de ter um papel e concorrer numa categoria secundária.
Depois, temos Viola Davis, verdadeiramente secundária e ainda assim arrebatadora como mãe de um miúdo suspeito de ter sido abusado por um padre em ""Doubt"; Marisa Tomei, stripper e ligaçção humana ao mundo do personagem principal em "The wrestler"; Taraji P. Henson, como mãe adoptiva do personagem titular em "The curious case of Benjamin Button"; Amy Adams, como freira novata em "Doubt"; e se quiseremos esticar a corda, Rosemarie DeWitt, como a Rachel de "Rachel gettin' married". Usando de alguma lógica oscarizante e regras anteriormente citadas, o alinhamento deverá ser este:

Penelope Cruz - Vicky Christina Barcelona
Kate Winslet - The reader
Viola Davis - Doubt
Marisa Tomei - The wrestler
Taraji P. Henson - The curious case of Benjamin Button

A visita do tio Óscar: Melhor actor secundário



Normalmente, a categoria das surpresas e left field choices. Neste ano, podemos encontrar duas destas últimas: um acto nomeado por um filme baseado numa BD e um por fazer uma das coisas mais poiliticamente correctas em Hollywwod. Falamos de Heath Ledger em "The dark knight" e Robert Downey Jr. em "Tropic Thunder". O primeiro, como é consabido, interpreta o Joker como um anarca puro, a loucura firmada na realidade e por isso mais assustadora. O espectador sabe também que aquele actor já por cá não anda, e por isso é como se estivesse a assitir a um filme de lá do túmulo. É a combinação desses dois factores (talento + homem morto) que tornam Ledger o candidato mais certo nesta categoria e o favorito à vitória. Quanto a Downey Jr., estamos perante um dos actores do ano: "iron Man" foi um retumbante sucesso e 2008 é o ano definitivo do regresso do actor mais talentoso da sua geração. Hollywwod quer premiá-lo com a nomeação, mesmo que por uma comédia, onde ele se destaca com uma paródia aos próprios Óscares, encarnando Kirk Lazarus, um actor tão do método que se submete a uma operação de mudança da cor de pele para interpretar um negro.
Para as restantes vagas, duas escolhas parecem óbvias: Philip Seymour Hoffman, em "Doubt", como um padre suspeito de pedofilia (pode ser um tema polémico, mas hei, é o Philip Seymour Hoffman) e Josh Brolin em "Milk", interpretando um personagem algo vilanesco, mas ele este ano teve "W." e no ano passado "No country for old man". Para mais, e nunm comentário mais mauzinho, no filme, ele acaba por matar o personagem gay, e no confronto homófobos-gays na Academia, os primeiros ganham. Sobra um. Dev Patel, actor indiano revelação em "Slumdog millionaire" é, na verdade, o principal do filme, mas o estúdio está a promover a sua participação em secundário, para tentar conseguir mais uma nomeação. É um estratagema sujo, mas habitual. Na minha opinião, ele será o quinto nomeado, se esta aldrabice passar, mas tenhai cuidado com Ralph Fiennes (sejam em "The reader" ou "The duchess") e Eddi Marsan em "Happy-go-lucky").

Heath Ledger - The dark knight
Robert Downey Jr. - Tropic Tunder
Philip Seymour Hoffman - Doubt
Josh Brolin - Milk
Dev Patel - Slumdog millionaire

A visita do tio Óscar: Melhor realizador



A questão dos nomeados para melhor realizador é a de que, em teoria, eles estão encontrados há pelo menos um mês, devido aos prémios percursores dos Óscares. A unanimidade em trono dos mesmos 5 nomes tem sito tão intensa que parece impossível que o final seja uma surpresa. No entanto, e se recordarmos as últimas dez edições, há sempre um maverick que estraga este tipo de contas: o lugar do nomeado sem filme. O nomeado sem filme é um realizador cuja obra não está nomeada para melhor filme, mas que pela sua competência e qualidade, acaba por surgir, quase como se lhe estivessem a dar um prémio de consolação. Isto deve-se ao facto de o colectivo de realizadores que vota para a Academia ser normalmente bastante mais selectivo do que os restantes grupos, o o facto é que o sindicato de realizadores se tem tornado no indicador mais fiável tanto para melhor realizador, como para melhor filme. A única vez, na última década, em que os nomeados de filme e realizador coincidiram foi em 2006, no ano de Brokeback Mountain, Crash, Munich, Good night and good luck e Capote.
Se tudo corresse como previsto, danny Boyle surgiria à cabeça, como o responsável pelo filme sensação da corrida deste ano, Slumdog millionaire. Ele tem participado do jogo dos Óscares, com entrevistas e simpatia, e as pessoas gostam dele. Juntando à sua qualidade habitual (mjitas vezes esta nomeação é um prémio por outros filmes e não pelo que está a concurso), devem garantir-lhe a nomeação. Depois, temos David Fincher, que estáà frente do provável filme mais nomeado. Há quem defenda que Fincher ficará de fora, pois não é propriamente o tipo mais simpático do mundo, mas temos o filme, temos uma nomeação para a DGA, temos o recohecimento generalizado de que estamos perante alguém que percebe da poda (e é artista...) e para além disso, ficou a sensação de que se as coisas tivessem corrido de outra maneira, ele merecia ter sido nomeado o ano passado por "Zodiac". São factores a mais. De seguida, Gus van Sant, um independente habitual, mas que se torna oscar darling quando mergulha no mainstream, como o prova "Good will hunting". Ainda não vi "Milk", mas normalmente, os realizadores de biopics são beneficiados. Veja-se por exemplo Bruce Beresford, mediano realizador do tépido "Ray", que conseguiu ser nomeado. Ron Howard é daqueles tipos simpáticos a quem apetece dar prémios. Repare-se que, goste-se ou não de "A beautiful mind", ele ganhou um Oscar em detrimento de Ridley Scott, David Lynch, Robert Altman e Peter Jackson, todos tipos mais infinitamente talentosos que ele. O homem é simpático e o filme tem tido boas críticas e apoios. Por fim, chegamos a Christopher Nolan. Há que lhe dar crédito: ele tem no bolso o filme mais rentável do ano. Em ano de crise, isso é um facto a registar, e para mais, conseguiu aliar dinheiro a excelentes críticas. A Academia gosta de Nolan: nos ano anteriores, arranjou sempre maneira de distinguir os seus filmes com pequenas nomeações para distinguir as obras. Mesmo que "The dark knight" não surja em melhor filme, Nolan será sempre destacado aqui. Não imagino que seja deixado de fora em ambas.
Se no entanto, a regra do nomeado sem filme prevalecer, que está na calha? Ora, há 4 nomes que não convém ignorar. Clint Eastwood em Gran torino, por razões óbvias; Darren Aronofsky, por The wrestler, por ser, de facto, o grande responsável pelo filme, encaixando assim no perfil do nomeado sem filme; Mike Leigh por Happy-go-lucky, por Leigh é um habitué neste tipo de cerimónias; e não podemos esquecer Andrew Stanton, por Wall-E, num incrível long shot, mas não podemos esquecer que o filme do robô animado tem pairado como um fantasma por esta edição, ameaçando aparecer em melhor filme. Descartá-lo será um erro.
Outros dias seriam bons para lançar palpites. No entanto, hoje está-me a apetecer jogar pelo seguro. Por isso, os nomeados deverão ser

Danny Boyle - Slumdog millionaire
David Fincher - The curious case of Benjamin Button
Gus van Sant - Milk
Ron Howard - Frost/Nixon
Christopher Nolan - The dark knight

sábado, 17 de janeiro de 2009

A visita do tio Óscar: Melhor actriz



A corrida de Melhor actriz é normalmente a mais previsível de entre as principais. Não costuma haver grandes papéis para mulheres em Hollywood e por isso as hipóteses reais nunca são muitas. Quando as há, recorre-se a uma fórmula normalmente infalível:

Meryl Streep/Cate Blanchett/ Kate winslet
Actriz em ascensão, gira como o diabo
Veterana respeitada
Representante indie
Actriz britânica/estrangeira

Este ano, penso que pela primeira vez na história, o primeiro elemento da fórmula pode ser dividido em três: Kate, Cate e Meryl estão todas na corrida. Winslet com "Revolutionary road", Streep com "Doubt" e Blanchett com "The curious case of Benjamin Button". As duas primeiras estão garantidas, parece-me, pois ambas são presenças habituais neste género de coisas, e aparentemente, têm papéis muito fortes, em termos femininos (no caso de Winslet, uma mulher dona de casa em crise existencial e matrimonial nos anos 50, e no caso de Streep, uma freira ulta-conservadora que tenta deslindar um caso de pedofilia em "Doubt"). Blanchett está mais tremida, pois até agora, não apareceu em prémios percursores, embora me pareça estranho, visto estar não só no provável filme mais nomeado, mas também ter um tour de force irrepreensível, uma interpretação magistral.
Na actriz em ascensão, gira como o diabo, Anne Hathaway, em "Rachel gettin' married". No filme de Jonathan Demme, interpreta uma actriz falhada, que sai da reabilitação por causa de drogas, para ir ao casamento da irmã mais velha que toda a gente adora. Um papel em modo de auto-comiseração, sarcasmo e sofrimento, como toda a gente gosta que as mulheres bonitas desempenhem. Hathaway tem-se tornado cada vez mais visível, em filmes comerciais e papéis secundários noutros mais arty, como "Brokeback mountain". Neste momento, é daquelas actrizes da moda em Hollywood, muito querida e acabou de passar por um escândalo onde o ex-namorado foi preso e ela foi vista como vítima de um logro. Tudo junto, não tem que enganar.
Os restantes postos, este ano, estão em overlapping, porque não há veteranas respeitadas na discussão e a única representante indie é Melissa Leo, uma actriz respeitada pelo seu talento, mas com personalidade agreste e sem star profile. Amy Ryan, no ano passado, conseguiu ser a desconhecida nomeada, mas no geral, era impossível ignorar a sua performance, e ela é simpática e mostra-se divertida a lidar com a imprensa. Leo não é assim. Apesar de o seu papel em "Frozen river" ser complicado e ela parecer estar brilhante, há outras candidatas que lhe podem roubar o protagonismo. No seu próprio território, tem Kristin Scott Thomas e Sally Hawkins, respectivamente em "Il y a longtemps que je t'aime" e "Happy go-lucky". Hawkins tem a vantagem de estar num filme de Mike Leigh, que criou uma tradição de arranjar nomeações para as suas actrizes principais (vide Brenda Blethyn e Imelda Stauntoun).
E claro, Angelina Jolie em "The changeling", um filme do nosso amigo Clint.
Tudo somado, a coisa anda à volta disto:

Kate Winslet - "Revolutionary road"
Meryl Streep - "Doubt"
Anne Hathaway - "Rachel getting married"
Angelina Jolie - "The changeling"
Sally Hawkins - "Happy-go lucky"

A visita do tio Óscar: Melhor actor



No ano passado, os nomeados para a categoria do melhor actor englobavam um grupo de assassinos, capangas, serial-killers e sociopatas, que meteria medo ao próprio Bin Laden. O mais bonzinho de entre eles, o advogado, interpretado por George Clooney, que dá título ao filme "Michael Clayton, era um aldrabão, que só lápara o final do filme desenvolve uma consciência. Depois deste master class de representação do mal (onde Daniel Day-Lewis arrasou, e bem, a concorrência), este ano assiste-se a uma viragem, e assim como Barack Obama anuncia que a esperança está a caminho, também os personagens em destaque este ano trazem um certo bem-estar com a vida, com segundas oportunidades, com a construção de algo de bom.
É por isso que as duas certezas nas nomeações deste ano são Sean Penn, em "Milk", e Mickey Rourke, em "The wrestler". O segundo é um nomeado improvável, não só por ter passado quase 15 anos fora da indústria, à excepção do ocasional papel para ganhar dinheiro, mas também por ter inimigos em tudo quanto é canto daquela cidade. O facto de Sean Penn (também um grande actor, mas sejamos sérios: o tipo tem gente que o odeia de morte, pela pose pretensiosa e opiniões polémicas) ser o seu principal adversário diz muito da corrida deste ano, e pode fazer com que o Oscar fuja quer a um, quer a outro. Mas isto são reflexões para outra altura.

Então, quem entra na dança para as restantes três cadeiras? A atender aos prémios percursores, parece-me lógico incluir Frank Langella, em "Frost/Nixon". Langella é um actor que tem trabalhado dentro e fora da indústria, já leva 70 anos, zero nomeações para Oscar, apesar de ser um deus no círculo teatral, e interpreta um personagem real, Richard Nixon, na adaptação de uma peça da Broadway realizada por Ron Howard. Mais Oscar-proof, só se Nixon tovesse sido um judeu no meio do Holocausto. Para mais, Nixon não é alguém que ficou perdido no meio da história. Pertence ao espaço de memória de muitos membros votantes da Academia.
Sobram dois lugares e candidatos não faltam, desde os mais prováveis aos mais incríveis. A meu ver, penso que as duas hipóteses mais credíveis serão Brad Pitt, por "The curious case of Benjamin Button", e Clint Eastwood, em "Gran Torino". Começando pelo que me parece ser mais certo, Eastwood é um daqueles casos de amor na Academia e de aparuções surpresa à última hora. Não se tem falado muito nem nele, nem no seu filme, mas o mesmo tinha acontecido com "Million dollar baby", e o homem meteu ao bolso dois Óscares (realizador e filme) e uma nomeação significativa (actor), deitanbdo por terra o que toda a gente considerava ir ser o ano de Scorsese, na altura com "The aviator". Ele ia repetindo a gracinha com "letters from Iwo Jima", mas esse ano era mesmo o ano de Scorsese, e nem Cristo poderia ter impedido. "Gran Torino" facturou muito bem no primeiro fim de semana de exibição e embora me pareça um daqueles filmes simplistas, com um personagem que Clint interpretou dezenas de vezes, eles gostam disso. A juntar a tudo, Eastwood anunciou que esta é a sua últimaperninha como actor, e não estou a ver um conjunto de pessoas que o apoiou constantemente a negar-lhe esta oportunidade. Quem sabe, se não mesmo o Oscar... Quanto a Brad Pitt, ele é a estrela daquele que será, provavelmente, o filme mais nomeado. Há quem critique a sua performance por ter uma forte componente digital, e o seu papel por ser passivo, mas a julgar pelas nomeações que tem tido noutros prémios, é uma minoria. Brad Pitt tem sido a cara do filme, e na obra em si, é a nossa ligação a uma história que tinha tudo para descambar, com que ele mantém centrada num realismo com que nos identificamos. Para além disso, ttransofrmaçõa física, meus amigos. A Academia adora quando os bonitos se decidem tornar feios.
A correr por fora, temos Leonardo di Caprio, em "Revolutionary road", uma hipótese que tem vindo a decrescer de força com o tempo; Richard Jenkins, em "The visitor", sério candidato às vagas de surpresa e actor independente, mas lá está, quantos veteranos do cinema indie pode caber nesta categoria, quando Frank Langella já cá está?; Josh Brolin, em "W.", um filme polémico, mas com uma impressionante unanimidade em torno da performance de Brolin; Benicio del Toro", em "Che", naquela que parece ser a sua grande interpretação, mas sendo Che Guevara e um filme muito à margem da industria, apesar do prémio de melhor actor em Cannes, é uma long shot; e ainda mais long shot, mas que se fala, porque este foi o ano dele, Robert Downey Jr., em "Iron Man". No entanto, a meu ver, tudo se circunscreve a estes senhores

Sean Penn - "Milk"
Mickey Rourke - "The wrestler"
Frank Langella - "Frost/Nixon"
Clint Eastwood - "Gran Torino"
BradPitt - "The curious case of Benjamin Button"

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A visita do tio Óscar: Melhor filme


Os Globos de Ouro foram entregues neste domingo, e neste momento, todos os sindicatos profissionais ligados ao cinema anunciaram as suas nomeações de melhores do ano, por isso, neste momento, podemos fazer um retrato mais claro da corrida aos Óscares, numa perspectiva de possíveis nomeados, a uma semana de estes serem revelados pela Academia
Comecemos pela categoria principal, a de melhor filme. De momento, há um consenso generalizado em torno de cinco filmes: Slumdog Millionaire, The curious case of Benjamin Button, Milk, Frost/Nixon e The dark knight. Cada um detes filmes surgiu nomeado pelos Produtores, Realizadores e Argumentistas, e também, por um sindicato menor, mas que é normalmente um dos melhores indicadores para os Óscares, pelo de Responsáveis de Montagem. The dark knight e Milk não foram mencionados pelos Globos de Ouro, mas estes são apenas o reflectir do senitmento dos críticos, não dos membros da Academia. No últimos anos, os Globos de Ouro e os Óscares têm entrado em desacordo: no ano passado, por exemplo, os Globos premiaram "Atonement" e os Óscares "No country for old men; há dois anos, os Globos premiaram "Babel" e os Óscares "The departed".
Em parte, isto deve-se ao facto de a corrida oscarizante se dividir em duas fases: a fase de triagem crítica e o jogo mais a sério, quando os candidatos estão a postos, com trunfos na mão e começamos a assistir a votantes reais da Academia a mostrar as suas intenções de voto. Esta segunda fase é aquela em que vamos entrar já a partir desta semana.
É aqui que este consenso pode mudar. Até agora, os cinco filmes acima mencionados pareciam destinados à nomeação, mas Clint Eastwood vem baralhar as contas, como é costume. "Gran torino", o seu filme mais recente, foi um sucesso e está a faezr um pressing de última hora para destronar alguém. Neste caso, seria "The dark knight". No entanto, estatisticamente, dos dez filme smais rentáveis da história, apenas um ("Spider-man 2") não foi nomeado para melhor filme. Pode-se argumentar que tal como este, também The dark knight é um filme de super-heróis. Porém, Batman conta com três factores que lhe dão vantagem: o primeiro é sem dúvida Heath Ledger, cuja morte ainda ressoa em Hollywood, passado um ano, e cuja interpretaçõa é universalmemente louvada; o segundo é o impressionante box-office, que não se limita a ser grande: estamos a falar do segundo filmes mais visto de sempre; o terceiro é a aura de crítica séria e emabiente realista que não está presente noutras adaptações de BD. Clint Eastwood é sempre um factor de desequilíbrio, mas parece-me difícil que, num ano de crise, seja possível ignorar a façanha do filme de Christopher Nolan.
Quanto aos restantes, não me parece que haja grandes dúvidas. "Slumdog millionaire" tem coleccionado prémios e admiração, e no ano de eleição de Barack Obama, é um filme tão absurdamente positivo e cheio de esperança que parece encarnar o espírito dos tempos; "Bejamin button" é uma daquela sobras épicas ao gosto da Academia, um triunfo da técnica, uma aobra destinada a ser admirada; "Milk" é um biopic, o género preferido da Academia, sobre uma figura dos anos 70, o que preenche a quota demográfica da Academia, e sobre a questão gay, que tem estado presente nalguns nomeados do passado; e Frost/Nixon preenche a quota de filmes de actores, também sobre a década de 70, e uma adapatão teatral tão ao gosto dos Óscares.
Assim, sendo, os cinco nomeados deverão mesmo ser:

Slumdog millionaire
The curious case of Benjamin Button
Milk
Frost/Nixon
The dark knight

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A visita do tio Óscar


Porquê prestar atenção aos Óscares? Nada como começar a nova rubrica deste "A sequela do remake", em pleno acto de renascimento, por responder a uma questão que me é sempre colocada por quem não vê valor no careca dourado. Talvez a resposta resida no facto de eles terem razão: os Óscares não têm valor para o espectador, pelo menos mensurável e objectivo. São fruto da opinião de um conjunto de artistas e sendo que o cinema norte-americano é habitualmente o mais popular, ganham uma importância superlativa. No entanto, para quem acompanha habitualmente as estreias de cinema e quem gosta de especulação, acompanhar esta corrida (que não tem outro nome)é sempre um rpazer e um desafio.
Entrámos na fase de decisões de quem será nomeado (anúncio marcado para 22 de Janeiro). As nomeações para os SAG (Screen Actors Guild) foram anunciadas esta semana e estamos a falar de um conjunto de pessoas que perfaz 80% dos votantes da Academia. A Academia dos Óscares reúne profissionais das várias categorias a concurso e a dos actores, que constituem o SAG, é a maior. Juntamente com estes, os prémios da DGA (realizadores), PGA (produtores) e WGA (argumentistas), darão certezas quanto aos nomeados. No entanto, com as nomeações para os Globos de Ouro e prémios das associações de críticos já anunciadas, pode-se fazer uma compilação daqueles filmes que terão melhores hipóteses de surgirem, dia 22, na lista de concorrentes directos à ambicionada estatueta. Nestas próximas semanas, esta rubrica acompanhará a corrida e analisará os candidatos com maior pormenor. Esta semana, deixa-se a lista das obras com maiores hipóteses nesta altura do campeonato, por ordem de favoritismo e link para a página no IMDB.

1 - "Slumdog Millionaire"
2 - "The curious case of Benjamin Button"
3 - "Milk"
4 - "Frost/Nixon"
5 - "Doubt"
6 - "The dark knight"
7 - "Wall-E"
8 - "The wrestler"
9 - "Revolutionary road"
10 -"Rachel gettin married"

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

"Dværgen - The Sinful Dwarf" (1973)

Pois é, meus caros... Valeu a pena esperar!
A pressão era muita, as expectativas enormes, mas cá está, finalmente, a review do Sinful Dwarf!
Sem dúvida que esta é uma daquelas películas que fica na memória durante algum tempo, como quando vemos um bom épico ou um daqueles filmes fortes e cheios de conteúdo. Este fica, mas não por estes motivos...
O filme que vos apresento é uma pérola do cinema exploitation, mais precisamente um belo exemplar do dwarfsploitation. Passando por Freaks de Tod Browning até ao filme de Werner Herzog (Auch Zwerge Haben Klein Angefangen), os anões no cinema sempre foram fascinantes. As aventuras do nosso amigo Olaf oscilam entre o mau gosto e o puro nojo, entre a pornografia e a violência gratuitas.
Sinful Dwarf tem tudo o que podemos desejar de um bom exploitation: miúdas nuas e aprisionadas, sujeitos malvados e personagens sinistras. Argumento? A premissa é básica: um casal sem grandes meios económicos muda-se para uma casa onde habita o mistério. O resto é a magia do cinema. Sim, as miúdas são maltratadas! No entanto a nossa simpatia vai sempre para o jovem Olaf com as suas fantasias sexuais e os seus brinquedos de criança. Actores conhecidos? Esta pérola, através dos seus actores, tem ligações que vão do filme Häxan à série de filmes Agent 69 - Jensen. Uma das actrizes trabalhou com o melhor realizador sueco de todo o sempre. Mac Ahlberg, que vocês nem devem conhecer.
Otários!
Vejam o filme e divirtam-se.
Sequela? Remake? Gostava de ver!


Fica um agradecimento especial pela participação na elaboração deste post ao Bruno Padilha. Sem ele o mundo não conheceria esta pérola do cinema!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Miúdas sem necessidade de remake

ALEXANDRA MARIA LARA

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Control 2007

Control é um filme de Anton Corbijn, simples e de uma beleza visual unica. Este filme conta a historia de Ian Curtis, um génio que morreu antes de ser verdadeiramente descoberto, vocalista dos Joy Division, banda que apesar de carreira curta influenciou muitas outras. O actor que veste a pele de Ian é o actor Sam Riley um desconhecido no mundo da sétima arte, as semelhanças fisicas são muitas e a representação perfeita.
Um filme do qual nunca irei ver um remake nem uma sequela.


terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Aniversário

David Caruso faz hoje ano. O blog deixa a sua homenagem a um dos grandes graníticos dos nossos ecrãs, com esta colecção de tiradas pré-genérico, com óculos escuros incluídos, de "CSI Miami".

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

"The mothman prophecies" (2002)


Desde o final da década de 60 que estava deitadinha, à espera que alguma luminária do cinema lhe pegasse, uma história real onde a linha da própria realidade e da ficção é um pormenor da maior importância: o conjunto de fenómenos que se sucederam entre 1966 e 1967, em Point Pleasant, na Virgínia Ocidental. A responsabilidade foi atribuída a uma entidade vaga, com forma definida, mas intenções e ligações a tudo estranhas, chamada Mothman, pegando numa personagem da série televisiva "Batman", que passava na altura na televisão. O caso foi descrito pelo jornalista John Keel, na excelente e bizarra obra "The mothman prophecies". Envolve a criatura Mothman, OVNI, homens de negro, poltergeist, fenómenos psíquicos e profecias; e é tudo de uma lógica que não parece fácil de rebater.
Quase 40 anos depois, alguém se lembrou da história e surgiu o filme. Um aviso: a fita, em termos de conteúdo, não faz justiça ao imenso planalto de biasma que é o livro. Mas isso seria impossível de conseguir numa longa-metragem. Uma série de televisão era o mais adequado. No entanto, um produtor menos temerário lançou-se a uma empreitada quase impossível e o resultado é uma experiência estranha, um filme daqueles em que a imagem é como fumo que se entranha. Foi necessário, claro, atalhar pela história do livro e no filme, o enquadramento é diferente: John Klein (Richard Gere) é um respeitado comentador político do Washington Post, que no auge da sua felicidade com a mulher, a vê morrer, não sem antes esta desenhar interminavelmente em folhas a mesma sombria criatura. Desolado pelo acontecimento, Klein é um homem à deriva e numa noite em que viaja de carro, dá por si a fazer 1600 quilómetros em três horas, parando em Point Pleasant, Virginia, onde vai bater à porta de um homem que lhe diz que ele esteve ali nas duas noites anteriores, à mesma hora. Isto é apenas o princípio de uma história que o junta a Connie Mills (Laura Linney), a xerife local.
Menos um filme de terror do que um exercício de como entrar na nossa mente e remexê-la um pouco retorcidamente, "The mothman prophecies" tem o visual de um filme experimental, com alguns efeitos de baixo orçamento e aquela noção de que uma banda sonora penetrante e saber jogar com a luz e a sombra são truques básicos para nos convencer de que estamos a ver mais do que realmente vemos. Mark Pellington realizara já videoclips e é o autor do estilizado genérico de "Homicide: Life on the street". Para além disso, com o seu "Arlington road", obra inicial da sua carreira, soubera que a paranóia é uma excelente matéria cinematográfica. Com este filme, Pellington não cai na tentação de faezr uma adaptação literal, mas sim de nos provocar os mesmmos arrepios, sentimentos e desconfianças que Keel descreve no livro; e consegue-o. Uma sequência em particular, em que Klein fala ao telefone com uma omnisciente entidade que dá pelo nome de Indrid Cold é particularmente enervante e assustadora. Destaque para a dupla de actores, a banda sonora de Tomandandy (muito boa mesmo) e fica o repto para que leiam mais sobre este estranho caso.
Não é um remake do livro e dificilmente dará uma sequela.

sábado, 5 de janeiro de 2008

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

'De rodillas te pido' , Giovany Ayala

Como um videoclip faz parte da 7a arte, resolvi arriscar colocar aqui um exemplo.
Não é um video qualquer, meus amigos! A música é péssima, o vídeo também, o cantor é um 'ranchero' bem parolo, mas....

A 'señorita' loura que aparece logo ao início a sair do jeep é a Liz, uma jovem de Bogotá. Modelo contratada pela BOSCH para trabalhar connosco numa feira de exposições.

Sequela ou remake...humm?

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

"Blackjack" (1998)


A referência a Dolph Lundgren no post anterior deste blog tornou obrigatório um comentário mais aprofundado ao grunho sueco, que conquistou fãs, como todos sabemos, com a sua habilidade para representar Shakespeare.
Lundgren, nascido não Dolph, mas Hans, pode não ser o mais icónico dos heróis de acção, mas é sem dúvida o mais improvável: este gigante nórdico licenciou-se no Real Instituo de Tecnologia de Estocolmo, mestrou-se em engenharia química na Universidade de Gales do Sul, na Austrália, e consgeuiu uma bolsa no MIT de Massaschussets. Para além disso, é um mestre de artes marciais, que descobriu no exército e está a tentar o seu triplo cinturão negro. Ele é, praticamente, um homem da renascença preso no mundo do cinema chunga. De facto, ele chegou a ser fotografado por Andy Wharhol.
Como se vê, um enigma, o nosso Dolph. Um enigma tão grande que vários mitos já cresceram sobre ele: no Japão, diz-se que este sueco tem 3 metros e que é de um país perto do Pólo Norte (bem, esta parte do Pólo acab< por ser verdade), e que é filho de um caçador de ursos, tendo crescido na paisagem mais selvagem conhecida pelo Homem. Mas nada de enganos: este é o homem que fez algumas das parelhas mais interessantes de acção: Van Damme, o falecido Brandon Lee; e como esquecer esse encontro de gigantes (um mais que outro) que é "Rocky IV", onde o Rocky Balba de Sly "El gingão" Stallone mede forças, literalmente, com o Ivan Drago de Lundgren, uma máquina de matar sem sentimentos, num dos grande filmes de propaganda de todo o sempre. E é preciso ver que o sueco entrou num filme Bond e em Johnny Mnemonic. Logo, este homem não é só chunguice. Até fundou uma companhia de teatro!
Portanto, Lundgren é um atípico no mundo da acção dos anos 80. Na verdade, é tão fora da norma que é impossível destacar um série B de um conjunto de fitas onde Lundgren se metamorfoseia em homem do Leste da Europa de alguma forma ligado ao exército e que tem de embarcar em missões de vingança. Como "Rocky IV" não é na realidade um série B, fica a referência a "Blackjack", a fita que reúne dois mundos absolutamente antagónicos: a rigidez e bacorismo de Lundgren com o profeta do cinema de acão do final dos ano 80, o grande John Woo, que tem também na sua carreira maus filmes, alguns deles recentes, e que numa fase do seu percurso profissional, posterior a ter realizado alguns dos filmes de acção mais potentes, espectaculares e significativos do género, se entreteve com telefilmes de segunda, o que é um fen+omeno, em si, que poderá vir a ser estudado neste blog. Lundgren é o personagem que dá título ao filme, uma espécie de guarda-costas de pessoas influentes. aqui, ele necessita de proteger uma família que dirige um casinho em Las Vegas e especialmente, a filha mais nova do nono, uma menina de 6 anos e que, como convém nestes filmes, é extremamente fofa e querida, porque só assim é que vamos gostar de uma criança. O elemento "peixe fora de água" do filme é ver a tacanhez de Lundgren, uma gazela das artes marciais aprisionada no corpo desmedido de um urso escandinavo, a tentar coordenar-se com a graciosidade de ballet habitual das coreografias de Woo. Isto dá um elemento cómico ao filme, principalmente para quem já viu Chow-Yun-Fat a fazer o mesmo. Para mais, aqui o personagemd e Lundgren tem um trauma: não consegue olhar para a cor branca. IOsto, supostamente, devia tornar complexa a sua representação. Apenas a torna ainda mais bizarra.

Um actor que devia ser a sequela de Max Von Sydow, mas em esteróides; no entanto, nem a um remake consegue almejar. No entanto, de todos os heróis chunga aqui abordados, é o que mais próximo está de algum dia ganhar um prémio Nobel.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Punisher 1988


Poucos conhecem este que foi talvez um dos filmes mais violentos que vi enquanto adolescente, este filme é o quinto desse grande senhor da paulada Dolph Lundgren. Por incrivel que pareça a sua carreira começa num filme do James Bond mas cedo são descobertos atributos para outro tipo de filmes onde o que importa é o estilo com que se pega numa arma e a forma como se distribui porrada. Neste filme podemos ver a face mais negra de Dolph Lundgren, chega mesmo a dar pena o seu aspecto misero e acabadão, Dolph Lundgren é o Punisher original que distribui tiros e muito murro aos injustos e culpados. A história é do mais simples que vi, a familia deste policia morre, os criminosos e amigos pensam que tambem ele está morto, mas o nosso heroi encontra-se vivo e com sede de vingança, acabando por tornar-se um vigilante à procura daqueles que já tanta dor lhe provocaram. Há quem diga que este filme destrui a imagem do Punisher da BD mas na minha opinião o remake feito no passado ano com um tipo todo bonitinho é que o acabou por fazer, o pior disto tudo é que vão fazer Sequela do Remake, nem quero imaginar.
Não percam tempo nem com o remake nem com a sequela do remake vejam o original



sábado, 13 de outubro de 2007

"Die Hard" (1988)


"Die Hard" é, a considerarmos apenas filmes de acção puros, o melhor exemplar jamais feito em toda a história do cinema. E não sou um amnéisco habitual que considera que antes de 1980, não há filmes de acção. Claro que há. Vejam "The wages of fear", de Henri Georges-Clouzot, e saberão do que falo. No entanto, a obra seminal de John McTiernan é quase um manual de como fazer uma fita cheia de adrenalina bem esgalhada, com tudo o que de bom e de melhor pode ter um filme de acção.
Para quem vive no planeta Urano e nunca viu "Die Hard", a história é simples: um polícia nova-iorquino, John McLane, resolve arredar o seu orgulho por uns idas e decide viajar até Los Angeles, numa tentativa de se reconciliar com a mulher, que o abandonou para ir trabalhar numa multinacional. Isto tudo na época de Natal. No entanto, a coisa descamba: a sede da multinacional é ocupada por aquilo que são aparentemente terroristas, liderados por Hans Gruber, e, como em tantos exemplares do género, só um homem pode salvar a situação.
McTiernan podia ter feito uma coisa igual a tantas outras, mas evita as armadilhas do cinema de acção brutalista da década de 80 e subverte a situação. Em primeiro, o nosso herói não é indestrutível: McLane, interpretado com grande classe por Bruce Willis, é um homem normal apanhado em circunstâncias anormais, numa daquelas festas de Natal que o próprio Pai Natal gostaria de experimentar de vez em quando para desanuviar; e para mais, é apanhado desprevenido e descalço, de maneira que passa o filme inteiro a combater um fando de facínoras sem calçado. O resultado? Nota-se que ele combateu um bando interio de facínoras.
Segundo, a perspectiva do vilão é absoilutamente diferente do normal. Hans Gruber, num show à parte dado pelo grande Alan Rickman, não é bronco, nem saloio: é um tipo refinado, que nunca chegamos a odiar por completo, porque é de uma coolness e fleuma admiráveis. Mesmo os seus actos desprezíveis vêm embrulhados de tal maneira que parecem chupar-nos o nosso sentido de moral. McTiernan, aliás, faz questrão de colocar vilões broncos e saloios para que melhor apreciemos o contraste entre os dois estilos.
Depois, tem um tom de sátira à própria actuação policial, simbolizada nas forças policias que querem aplicar a brutidade à viva força, apenas para seguirem o plano dos vilões sem o saberem. Mesmo quando John McLane lhes chama a atenção. Desde a estupidez crónica do chefe de polícia à sede cega de sangue, explosões e violência do FBI (num apontamento de auto-paródia que McTiernan viria a desenvolver numa das obras-primas ignoradas da década de 90, "The last action hero"), as forças da ordem são ridicularizadas e a única redenção chega através de um polícia que faz tudo a contra-gosto, com métodos pouco ortodoxos, mas que resultam.
E o resto? O resto são cenas de acção de alto quilate, um ou outro comic relief, umas das melhores utilizaçoes do último andamento da 9ª Sinfonia de Beethoven e uma frase para a história: "Yippee-kay-ay, motherfucker!"

Um raro filme que tem uma sequela melhor que o orignal (o terceiro capítulo é absolutamente extraordinário e expande definitivamente o conceito "Die Hard") e com remakes à bruta que nunca igualaram o original.

sábado, 6 de outubro de 2007

"Singapore Sling" (1990)

Perturbador e brilhante, “Singapore Sling” é o filme que todos devem ver como forma de perceber os limites da perversão e esquizofrenia humanas, mas nunca depois de uma refeição, como eu fiz.
É uma experiência única para quem gosta de cinema, mas quer ver algo diferente, seja pelo bem ou pelo mal – e isso dependerá do julgamento de cada um.
Nikos Nikolaidis foi o cineasta grego que deu à luz a história de um homem sem nome (mais tarde apelidado de Singapore Sling) que procura Laura, a sua mulher misteriosamente desaparecida sem rasto... Na sua busca vai parar a uma casa onde uma mãe e filha habitam um ambiente de loucura, depravação e morte, mas o problema é que ele não sabia disto quando lhes caiu quase inanimado à porta e apenas quando se vê obrigado a entrar nos jogos de tortura sexual das duas mulheres completamente piradas é que compreende verdadeiramente onde se encontra…
Não adianto muito mais no enredo porque por muito que tente descrever e explicar, nunca conseguirei explicar melhor que isto, a categoria cinema “náusea” existe.
Por um lado, é um filme bonito, se olharmos o modo como foi filmado, por outro, é um filme que puxa o sentimento de “como é que aqueles actores conseguíram fazer aquilo?”. Parece que o realizador pensava estar a preparar uma película de comédia, mas na minha humilde opinião saiu um filme de referência. Inovador, absurdo, demente, violento, fetichista e inocente, este é um filme para quem quer experimentar ou pense que já viu tudo (e podem fazer-se muitas coisas com um kiwi, fiquei a saber...).

When I was shooting "Singapore Sling", I was under the impression that I was making a comedy with some elements of Ancient Greek Tragedy. Later on, when some European and American critics characterized it as "one of the most disturbing films of all times", I started to feel that something was wrong with me. Then, when British censors banned its showing in British movie theatres, I realized that, after all, something must be wrong with all of us.
– O Realizador/Argumentista,
Nikos Nikolaidis.

Fica o trailer:

http://www.imdb.com/title/tt0100623/
http://www.imdb.com/title/tt0100623/keywords

Vítor Hugo Silva

Coming soon:
“Sinful Dwarf” - http://www.imdb.com/title/tt0070696/

domingo, 30 de setembro de 2007

"Universal soldier" (1992)


Falar de Jean-Claude Van Damme é penetrar num território de lendas de onde dificilmente se sairá incólume. "The muscles from brussels", epíteto pelo qual ficará para sempre conhecido este baixote belga, mas com cabedal suficiente para enfaixar três polícias contra um poste, passeia-se hoje em dia pelo degredo dos reality shows, e os problemas que teve em meados da década de 90, nomeadamente com drogas, abusos da mulher e o diagnóstico de doença bipolar não nos podem fazer esquecer toda uma obra. O que separa Van Damme de outros quejandos é a sua crença pura de que se podia tornar um actor sério. Enquanto que boa parte dos senhores da série B de acção sabem que o máximo a que podem almejar é uma salva de palmas dos amantes da pancada de criar bicho, Van damme levou-se a sério; e assim, seriamente, tornou-se num dos maiores canastrões da década.
Van Damme é, na realidade, um artista: foi campeão de kick-boxing e é autor de aforismos vários sobre a vida, na forma de pensamentos abstractos e pistas de como ser feliz. A sua receita? O conhecimento de si mesmo. A partir daí, é sempre a abrir. De facto, os seus personagens têm normalmente essa noção, principalmente quando sabem que se forem dar com um taco de basebol numa rótula, o mais provável é esta se fracturar. Na realidade, Van Damme conhecia-se tão bem que perdeu a oportunidade de entrar nesse grande clássico que é "Predador": insatisfeito com a forma como era tratado, e visto que ninguém o depsedia, lesionou um dos duplos propositadamente para ser despedido. Belo. Ainda teve tempo para ganhar um prémio de "Pior revelação", nos Razzies, pelo filme "Bloddsport", o que também é belo.
Destacar-lhe uma obra, como noutros grandes ícones, é complicado. Mas um filme charneira na carreira de João Cláudio é indubitavelmente "Universal soldier", que merece ser aqui também destacado porque é o encontro do belga com outro gigante, literalmente falando, da representação bruta, outra vez literal: Dolph Lundgren, o sueco que em Rocky IV era russo e neste filme é um norte-americano, morto no Vietname por Van Damme, não sem antes matar o personagem do belga, Devereaux (perante a ineficácia de Van Damme disfarçar o próprio sotaque, os seus personagens eram invariavelmente francófonos). Os corpos de Devereaux e Scott, o personagem de Lundgren, são transformados em ciborgues, juntamente com outros camaradas. São soldados universais, máquinas de matar sem consciência. precisamente o sonho de uma ou outra potência mundial que eu cá sei. Quando uma jornalista mete o bedelho no assunto, a coisa vira toda. E não é que, apesar de mortos, Devereaux e Scott ainda se lembram da sua rixa passada? E que Van Damme é o bonzinho? E que a jornbalista se apaixona por um ciborgue? isto é acção chunga + série B pura, dois filmes pelo preço de um. Quem disse que Tarantino e Rodriguez são assim tão inovadores no conceito de Grindhouse?

Um filme que provocou um remake na carreira de Van Damme, remake esse que acabou quando estreou a sequela e foi um fracasso.

E como é moda nos filmes de acção de início da década de 90, o tema principal era uma metalada. Aqui, cortesia dos Megadeth.

"Grindhouse" (2007)

Temos Grindhouse: DeathProof y Grindhouse: Planet Terror. Temos mãos do Robert Rodriguez e do Tarantino. Temos acção, diálogos 'tarantinescos', mortes, fantasia, sangue.
Para quem gosta das obras destes dois cineastas não pode deixar de ver este 2 em 1. Não haverá arrependimentos. Garanto.
Não quero falar mais, portanto deixo aqui um videozinho com trailers dos 2 filmes.

Obviamente não necessita de sequela nem de remake.

sábado, 29 de setembro de 2007

Um Héroi dos antigos.

O seu nome é Rocketeer e surge nos cinemas em 1991, realizado por Joe Johnston, com Bill Campbell no papel de Cliff Secord um piloto de aviões que se torna heroi por obra do acaso. A fazer o papel de menina bonita deste filme temos a linda Jennifer Connelly, ela faz de Jenny Blake a namorada do nosso heroi. Outra cara conhecida e com a qual simpatizo é Timothy Dalton ele é Neville Sinclair o vilão deste filme, um actor que trabalha como espião nazi. Este filme é de grande simplicidade e consegue trazer toda a nostalgia aérea que existia na década de 30 (2ª Grande Guerra), num estilo muito proximo ao de Indiana Jones (apetece dizer que Rocketeer é um Jones dos céus).
Um filme que não teve sequela porque não teve o sucesso esperado, bom para ver numa tarde de domingo depois de uma noite muito longa, que eu aconselho.

Gostei, fico á espera de uma Sequela ou de um Remake. lol


sexta-feira, 28 de setembro de 2007

"Allo Allo!" (1982-1992)

Passando pela FNAC, pelos DVD, pelas séries e encontro "Allo Allo!".
Para quem conseguiu sintonizar a RTP2 durante as últimas décadas, acho que não é preciso sequer dizer mais nada. Sitcom britânica no seu melhor!
II Grande Guerra Mundial, França, um café com um dono que não se quer chatear com a guerra, resistência "abeque", dois pilotos britânicos com cebolas na cabeça, Gestapo à procura do quadro da Madonna com as mamas grandes, a sogra que tem o radio de comunicação debaixo da cama, empregadas de mesa que sabem como satisfazer a clientela, distinção de línguas através do sotaque embrenhado em palavras em inglês, ...!
Momentos bem passados! Podem fazer mais sequelas!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

"Before sunrise" (1995)

"Before sunrise" tem uma premissa é tão simples que se torna ridícula de ouvir: dois jovens, o americano Jesse e a francesa Celine conhecem-se no comboio onde ambos viajam pela Europa. Num impulso, ele convida-a a passera-se com ele, em Viena, para lhe fazer companhia no tempo em que tem de esperar pelo vôo na manhã seguinte. Ela seguia para Paris e deixa-se convencer. O filme retrata o que ambos fazem no tempo que medeia esse convite e a despedida na manhã seguinte.
E o que fazem os dois? Essencialmentte conversar; pelo meio, aproveitam para se apaixonar. No final, nem querem pensar nas suas vidas sem a presença do outro. Todo este processo é detalhado num espantoso argumento de Linklater e Kim Krazin, baseado numa experiência semelhante do realizador, mas na cidade de Filadélfia. Os personagens auto-descrevem-se em observações sobre a vida, sobre a existência, sobre pequenos pormenores, para mais tarde as palavras serem desmentidas pelas acções, provando que ambos são contraditórios e hipócritas: numa outra palavras, são humanos. É isso que os torna credíveis, e por arrasto o filme. Longe de mostrar grandes cenas românticas, com tiradas grandiloquentes e gestos maiores que a vida, "Before sunrise" é o processo de atracção no que tem de mais simples: as conversas que mostram o click, os pequenos momentos em que observamos a pessoa que nos atrai, a vontades que temos de tocar no outro com gestos subtis, a mecânica algo atabalhoada do primeiro beijo...
Linklater, com a sua abordagem directa, aproveitando o belíssimo cenário que é a capital austríaca, permite ao filme respirar ao rimo das pessoas, mas boa parte do encanto de "Before sunrise" dá-se com a mecânica e química entre Ethan Hawke e Julie Delpy, os actores do filmes. Ambos têm energias diferentes: Hawke é expansivo, é cínico, é sarcástico; Delpy é algo ingénua, sonhadora, é infantilmente imprevisível. Combinam-se. Ambos encarnam na perfeição os temas principais de Jesse e Celine: se ambos simbolizam uma atitude e um querer de viver a vida apaixonadamente, ele é essa vontade na prática; ela na teoria. Celine procura cultivar relações, construir a sua vida a partir disso; Jesse aproveta o que a vida lhe traz e considera-a, nas sua spróprias palavras, "uma grande festa onde entrou sem ser convidado. No entanto, ambas as atitudes fazem com que se sintam atraídos um pelo outro.
O final é uma pérola fabulosa, a conclusão óbvia e natural de tudo. O que ainda dá mais valor a toda a história.
Eis um filme do qual as palavras são inimigas. Gostava de poder retirar sentimentos e postá-los, mas não posso. Por isso, leiam isto e dpeois vejam o "Before sunrise", para descobirem o quão redutor e racional fui com algo que é tudo menos isso.

Um filme que teve sequela e com dezenas de remakes diários por esse mundo fora.


quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O Melhor Desperado.

I'm looking for a man... who calls himself Bucho! That's all! And you had to do it, the hard way!

Desperado é um filme de Roberto Rodrigues de 1995 com Antonio Banderas como El Mariachi e Salma Hayek como Carolina, a menina bonita que apimenta o filme e claro está, no final acaba com o Mariachi. A presença de Joaquim de Almeida não passa despercebida e leva nota positiva, interpretanto o papel de Bucho, o homem que se veste de branco e o pior inimigo de Mariachi . Quentin Tarantino tambem marca presença neste filme, uma presença muito à Tarantino, para quem me percebe... Danny Trejo e Steve Buscemi não acrescentam nada de novo, fazem os papeis a que tanto já nos habituaram.
Desperado é um filme com muitos tiros, boa musica, alguma paixão e uma das melhores cenas eróticas feitas até hoje.
Recomendo este filme e outros dois que lhe estão ligados, El Mariachi e Once Upon a time in Mexico.






Aqui é caso para dizer, um Remake de uma Sequela muito bem feito.


"Missing in action" (1984)

Chuck Norris. O homem que para as novas gerações será esse paladino da justiça e dos rodeos, Cordell Walker, ranger num estado qualquer no Sul dos EUA, é para aqueles que fazem zapping pelas nossas televisões um tipo anda mais duro, um soldado ao qual são entregue as missões mais impossíveis. Um fenómeno de culto recente da Internet.
Ao contrário da carreira de acção chunga de Scwarzenegger, a de Norris não se caracteriza por uma certa leveza transpota pelos one-liners e um tom slapstick nas matanças. O já tratado "Commando" tem quase tanto de comédia como de acção. A filmografia de Norris é de mais dureza: habitualmente, Chuck faz de homem rijo, granítico, que raramente se ri e nunca, mas nunca, diz uma piada quando mata alguém. É um tipo que leva os valores americanos a peito, contrariamente ao austríaco. Ele não se limita a representá-los, acredita piamente neles. É patente isso em filmes como "Invasão EUA", onde um russo lidera uma guerrilha sul-americana numa invasão aos país de todos os países (a imaginaçao fervilhante dos argumentiststas deste tipo de filmes poderá ser abordada aqui, num countdown das ideias mais bizarras já postas num filme de acção) e Norris é o único preparado para a ameaça.
Com obras como esta, ou a saga "Força Delta", ou mesmo "Mcquade - Lobo solitário", seria difícil destacar uma. No entanto, de acordo com o paradigma Reaganiano, atrilogia "Missing in action" (em português "Desaparecido em combate") é a opção óbvia. Aqui, Norris é James Braddock, um coronel regressado do Vietname que não consegue viver com a sua própria consciência (a mesma que lhe permitirá matar indiscriminadamente tudo o que mexe na hora e meia seguinte de filme), pois deixou dezenas de camaradas na mãos dos malvados vietnammitas e ninguém no exército norte-americano os quer ir buscar. Ele toma o assunto nas próprias mãos e decide passar o Vietname mais incisivo que uma chuva de napalm, numa busca desenfreada pelos camaradas caídos. Todo o filme está preparado para Norris, seja com os seus mítyicos pontapés rotaticvos, ou a sua técnica primitiva de rebentar gargantas com as mãos nuas. No final, ficamos a pensar que os norte-americanos tivessem enviado Norris sozinho para a guerra do Veitname, o resultado podia ser outro. Podemos chamar a este efeito o revisionismo histórido de Reagan. Afinal, a principal exportação de Chuck
Norris é a Dor. Com D grande mesmo.

Eis um filme que teve duas sequelas, e um remake em 2003, mas no Iraque.